Análise de representações sociais revoluciona a história ( modifica / cria/ constrói /memória social)
A História, enquanto disciplina acadêmica desde seus primórdios, no século XIX, mergulha nas águas turvas da neutralidade, na busca de uma objetividade que se revela sem raízes, já que se funda em suas próprias afirmações.
Com efeito, sob o pretexto de narrar os fatos, os historiadores interpretavam e transpunham sobre as narrativas históricas suas próprias condições de produção e imaginação, sem jamais explicitá-las ou talvez sem sequer perceber sua existência.
Mesmo já no século XX, não existia uma problemática de pesquisa histórica, pois nas hipóteses levantadas já se encontravam as respostas em suas próprias premissas. Esta é uma história desencarnada, duramente criticada por Lucien Febvre, nas primeiras décadas do século passado.. Uma história que se desenvolvia por ela mesma, segundo um caminho inexorável que leva do simples ao complexo, do primitivo ao civilizado.
As causas e os efeitos se sucediam na continuidade evolutiva e os pressupostos teóricos que orientavam o “fazer histórico” eram simplesmente negados. Era a história positivista, da qual ainda hoje não se apagaram os estragos das verdades enunciadas e das “evidências” trazidas. Outras tendências atravessaram as teorias da história, vogando entre tese, antítese e síntese, ou buscando permanências e transformações na continuidade temporal. Mas a busca da verdade última sempre esteve presente.
Quando se observa o fazer história ou qualquer outra construção do conhecimento, a principal questão é: quais as premissas, os pressupostos que orientam sua elaboração? Quais são, de fato, os mecanismos de construção da própria produção do conhecimento? Estes estão mergulhados nas significações e nas representações sociais nas quais são forjados os próprios sujeitos do discurso científico. Quem é, aliás, este sujeito, de onde fala, para quem, do que? São questões levantadas por Foucault. O que lhe confere a palavra autorizada?
Assim, percebe-se que é impossível apreender a “verdade” histórica em todas suas variáveis, pois sua enunciação é atravessada pelas significações do presente e pelas representações sociais que compõem o repertório enunciativo. Mesmo a escolha dos objetos e das temáticas são da ordem da subjetividade do/a historiador/a. A questão teórica para a história, cuja tarefa é desvendar o passado é o fato de que este é inalcançável e dele nada nos resta senão a produção discursiva ou imagética das épocas estudadas.
Ora, todo enunciado se funda em um horizonte epistemológico, cujos limites o definem. Refiro-me aqui ao campo de significações, aquele que funda e dá sentido às relações humanas: as representações sociais. Uma forma de conhecimento, elaborada socialmente e que ordena e institui as estruturas sociais, parafraseando Denise Jodelet. Em história, as representações sociais modelam as narrativas e estabelecem, assim, uma memória social restrita aos únicos pontos considerados relevantes. Os fatos a reter para a história tradicional foram nesta ótica, aqueles relativos ao estado, sua organização, suas guerras, suas disputas, seus territórios, limites e expansão. Em suma os fatos limitavam-se aos poderes instituídos, o domínio público, campo considerado exclusivo dos homens. Era, portanto, uma história conjugada no masculino.
No que diz respeito às relações sociais, mesmo após haver abandonado a política strictu sensu, como, por exemplo, na história marxista ou na escola dos anais, as análises eram feitas segundo uma ordem binária: dominador / dominado. rico/pobre, nobre / burguês, guerreiro / camponês, retendo sempre como referência o homem para significar a humanidade.
As r elações homens/ mulheres eram consideradas um objeto fora da história, já que as mulheres pertenceriam a um domínio específico: o da natureza, do indiscutível, do déjà – là. A “natureza” torna-se um termo substitutivo do divino na ordem do discurso, justificativa para a afirmar a diferença hierárquica entre os sexos,.
É isto que aqui me interessa: a construção da memória social, pela história, de domínios reservados, de uma hierarquia social baseada na diferença sexual, dita “natural”. Ora, meu argumento é que esta diferença é construída socialmente, objetivada em representações sociais marcadas do selo da verdade.
O feminino e o masculino, definidos e centrados nos órgãos genitais, ultrapassam-nos, porém, nas representações sociais que os constroem: no regime de verdade patriarcal, ou seja, no sistema social em que os homens dominam e se apropriam das mulheres, o sexo biológico torna-se marca de superioridade e / ou inferioridade. As relações sociais são assim urdidas neste construto, hierarquicamente, e passam a ser naturalizadas no imaginário social.
As ciências, por sua vez, tem nestas mesmas representações sociais o fundamento de seus discursos de verdade em torno da reprodução, cuja objetivação torna-se uma divisão de tarefas e imagens sociais, entre o público e o privado, entre político e doméstico, entre razão e desrazão, ou seja, entre masculino e feminino.
Se as mulheres têm assim seu destino procriador traçado segundo seus corpos biológicos, o masculino, por outro lado, transita pelas práticas materiais e simbólicas, entre a imagem do pai e do falo, significante geral e significado de poder. Todavia, fora dos limites das representações sociais do feminino e do masculino não há uma diferença humana notável: há mais semelhanças que diferenças, enquanto espécie.
A diferença dos sexos é um processo de construção , instituído nos discursos da natureza e do divino e retomada pelo no imaginário social para assentar o poder, cuja base é um sistema de apropriação e exclusão. É no domínio das significações que se encontra esta partilha baseada em órgãos genitais: o masculino se coloca enquanto referente geral do qual se originam todas as diferenças, de sexo, de cor, de linguagem, de comportamentos.
O homem branco, ocidental é , com efeito, a representação social do masculino e do poder, presente nos discursos institucionais, quer sejam políticos, científicos ou religiosos. A própria noção de “diferença” é crucial para manter os esquemas de domínio do patriarcado: sem a diferença não há referente ou qualquer outra forma de superioridade que possa assentar ou justificar a inferiorização do feminino.
O que nos interessa de fato é a ação histórica e a dinâmica das representações sociais no processo de diferenciação sexual, que resulta no apagamento das mulheres da memória e do imaginário social e sua exclusão do espaço público enquanto sujeito político.Toda atividade colonizadora foi baseada nesta dicotomia: colocando-se como referente, a « civilização” masculina desclassificou qualquer outra, ou apagou-a de suas narrativas, pela sua “pouca importância”; ou ainda pelo perigo que representava todo sistema social “diferente” das estruturas patriarcais. De toda forma, o diferente passou a ser sinônimo de primitivo, ou seja, de inferior.
Mas, como se sabe, a importância dada a algo não existe por ela mesma. É uma questão de construção histórica e social : encontra-se ali onde é colocada, onde as representações sociais se objetivam em estratégias e acionam os mecanismos do poder.Foi assim que sociedades não patriarcais foram seccionadas da história como “primitivas”, caóticas, já que não obedeciam à ordem do Pai. Foi assim também que as mulheres foram excluídas de toda atividade de criação, de produção do conhecimento, da história, graças à representação social de uma “natureza” onipotente, de um destino biológico reprodutor, que teria definido para sempre a divisão de papéis sociais.
As imagens dicotômicas que aparecem são ainda correntes em nossos dias. Se as mulheres são impedidas de receber educação são consideradas em seguida ignorantes; são destituídas de lugares de fala e de autoridade e a partir disto são consideradas incapazes. São as práticas sócias, de fato, que ao criar constrições e limites, constroem ao mesmo tempo as mulheres que definem.
As representações sociais do século XX na história determinaram, para todo o passado humano o que é uma mulher, o que é um homem e seus papéis assumidos segundo suas “naturezas”. Desta maneira, ficou estabelecido que a divisão binária do humano havia sempre sido assim: o masculino dotado de força, criatividade, vigor, razão , as qualidades precípuas do viril e o feminino, definido por corpos capaz de procriar. Assim, no domínio das representações sociais, os homens criam o espaço público e político, constroem o social e as mulheres são relegadas ao espaço doméstico, dominadas e assujeitadas à sombra masculina.
Os historiadores foram incapazes de conceber que pudessem existir sociedades onde as relações seriam agenciadas de outra forma, onde primaria a “in- diferença” dos sexos. Diante de uma grande quantidade de vestígios de sociedades onde a importância do feminino era representada em uma infinidade de estatuetas, num período que cobre mais de 40 mil anos da humanidade, e num espaço geográfico que vai do Atlântico aos confins da Sibéria, foi criada a denominação “matriarcado”, “primitivo”. É assim que as milhares de estatuetas femininas datadas de vários milênios denominam-se “Venus”, ou deusas da fertilidade numa evidente ligação com a sexualidade e a reprodução.
O termo matriarcado significaria oposição ao patriarcado, isto é, uma simples inversão de poderes, no cerne de uma representação binária dominador /dominado que tem regido a produção do saber sobre o humano. E esta substituição de um pelo outro teria sido uma questão de evolução, colocando o patriarcado em seu ápice.
Ainda aqui uma representação social de continuidade que levaria do inferior ao superior, justificativa maior de todas as exclusões e injustiças cometidas contra o “primitivo” ou o “diferente”. Afinal, não seria uma questão de progresso?
Nesta perspectiva e se seguirmos a lógica da evolução, a dominação das mulheres seria o ponto decisivo do progresso humana, objetivado no sistema patriarcal, no qual o masculino é seria o “referente” e a significação geral do humano e o feminino o “ diferente”, inferior, passível de apropriação individual e coletiva.
Pois é disto que se trata : dotar as estruturas patriarcais de uma perenidade e de uma universalidade – o sempre , em toda parte- que justificariam sua existência na própria ordem da natureza. As representações são claras: a imagem do homem das cavernas que arrasta uma mulher pelos cabelos perpetua a idéia da força e da dominação masculina desde o início dos tempos.
O uso da significação atual na análise históricas de categorias como prostituição, maternidade, sexo, sexualidade, aponta para um constante anacronismo. Por exemplo, as hetairas gregas, mulheres fora dos gineceus foram classificadas pela história como prostitutas. O que isto significa? Que sentido, que limites, que valor tem a categoria prostituição àquela época, em que época, em que lugar? As generalizações feitas pela história negam sua própria historicidade e com ela a dinâmica das representações sociais e os significados que instituem o social, em suas particularidades.
Do que se fala, finalmente, quando se faz história? quais são , de fato, as significações e as representações sociais existentes na época estudada ou narrada? A análise dos discursos e das imagens, os únicos vestígios que nos restam do passado, pode nos indicar os valores, as normas, os comportamentos, as enunciações que tinham, naquele instante, valor de verdade. Em suma, as representações que presidiam os arranjos sociais. E neste sentido, a análise das RS modifica a face da narrativa histórica.
Segundo Judith Butler, não há gênero fora de práticas sociais concretas. Neste caso, é o gênero – representação social – que produz o sexo enquanto ponto axial das relações sociais. São as práticas sociais de gênero que orientam o processo de diferenciação social como marco da hierarquia do humano.
Ora, tendo em vista a plasticidade das formações sociais em todos os domínios, recuperar o sexo como fonte de importância, poder, lugar de fala privilegiado não é senão negar sua historicidade, restaurar as normas e comportamentos regidos por valores patriarcais, “naturais” e porque não divinos? Negando as representações sociais que constroem imaginários e memórias, a história nega a si mesma e retoma a instauração de axiomas.
Como suportar o dogmatismo , a universalização das relações humanas no modelo do Único, do Mesmo, no pensamento científico ?A interpretação selvagem que se faz por exemplo, das imagens /esculturas / frisas / desenho da alta antiguidade, da idade média e de épocas mais próximas de nós deixam entrever um infatigável desejo de reproduzir as estruturas patriarcais.
Basta passear pelos corredores dos grandes museus, o Louvre em suas antiguidades orientais, por exemplo, para constatar a hierarquia sexuada presente nas interpretações discursivas.André Leroi Ghouran, destacado arqueólogo francês que recusava interpretações abusivas, foi ele mesmo vítima de suas representações sociais, na medida em que sua classificação de desenhos parietais se baseia em uma divisão sexual das imagens: traços verticais/ cavalo significando o masculino e círculos / bisões o feminino.
As figuras nitidamente femininas, com seios, por exemplo, entraram na mesma classificação. Ou seja, sua premissa era de que a expressão pictórica tinha que necessariamente passar pela diferença sexual. Isto não é uma interpretação? Já foi alegada inclusive uma importância “atávica” dada ao masculino. Isto é uma brincadeira?
Niède Guidon [1] descobriu e classificou mais de mil sítios de arte rupestre no Piauí, que transformaram a história das migrações humanas, com pinturas de mais de 50 mil anos. Cenas inusitadas de relações humanas em arte rupestre, principalmente no que se refere à sexualidade Alguém ousaria a interpretação “atávica” dada ao masculino, quando nada, nas pinturas, deixa campo a esta pressuposição?
Estamos de volta aos discursos sobre a natureza e porque não sobre o jardim do éden? Para as milhares de estatuetas femininas, que foram achadas em toda Europa não há importância atávica, já que aparecem segundo a representação social do presente para o feminino , isto é, é de um ser secundário e inferior.
A história repete o Mesmo e a cada narrativa reinstaura as imagens e representações sociais que deveriam ser analisadas em sua própria historicidade, onde um traço vertical é um traço e não o símbolo do sexo masculino. É a permanente restauração das mesmas representações, das mesmas relações solidamente ancoradas nas estruturas de poder.
Além disto, o que a história não diz, sequer existiu para as significações sociais do presente. E a história não cessa de ratificar os pré- conceitos, perpetuar os estereótipos, manter os modelos do presente sobre todo o passado humano, em uma constante iteração das representações sociais do gênero humano baseada na “diferença sexual”.
Da mesma forma, a antropologia clássica também parte de representações sociais como axiomas do humano: quando Lévi-Strauss apresenta a troca de mulheres como base do cultural o pressuposto é que os homens sempre possuíram as mulheres. E esta afirmação, que não se funda senão nela mesma, é incorporada à ordem do discurso científico, estabelecendo verdades.
Foi necessária uma revolução epistemológica na metade do século XX , da qual os feminismos são fundadores, para que as metanarrativas e a noção de “natureza” perdessem seu lugar de verdade absoluta; a partir deste momento foi possível, na academia, penetrar e criticar a produção do saber, plantada em valores, em normas e preconceitos, logo, sobre representações sociais.
Há uma forte resistência de historiadores e outros cientistas a admitir um quadro diversificado de relações sociais, mas a razão disto é simples: as estruturas sociais de poder e de dominação do masculino sobre o feminino seriam, neste caso, abaladas.
Com efeito, se admitíssemos a mesma diversidade para a relação entre os sexos que a de outros componentes das estruturas sociais, isto acarretaria a perda da justificação maior da diferença dos sexos e da divisão de papéis e de tarefas, ou seja, a natureza. Seria admitir que esta diferença foi também construída pelas representações e significações sociais.
A história das mulheres, incitada pelos feminismos, tem revelado as distorções na memória social, já que mostra atividade das mulheres lá onde eram consideradas ausentes. É uma nova história que descarta o assujeitamento geral das mulheres a partir da premissa de sua incontornável domesticidade.
A linguagem e suas significações sociais aprofundam ainda mais a diferença sexuada, pois “homem” tem ido o genérico do humano e “mulher” é a marca de um corpo específico, cujo destino único é a procriação.
Quando se diz “o homem inventou a roda”, “o homem descobriu isto ou aquilo”, a significação genérica desaparece para dar lugar à representação única do masculino. Que insolência é esta que apaga a metade da humanidade de todas as obras e acontecimentos da história?
É o discurso da ‘natureza’ que a alimenta, pois sem este elemento pretensamente ‘objetivo’, resta apenas o ridículo das tentativas de manter a todo preço um quadro de representações sociais cujas significações e imagens são anacrônicas face à diversidade do passado e à dinâmica social do presente.
O patriarcado, ou seja, este sistema de dominação política e de apropriação social das mulheres pelos homens forja-se e se consolida sobre as representações e imagens dicotômicas dos sexos: no Ocidente, as ações dos feminismos e dos movimentos das mulheres obtiveram para o feminino hoje um certo status de sujeitos políticos, dotados de lugar de fala, de autoridade e de presença.Mas, por outro lado, ainda sofrem o peso das representações sociais binárias e hierárquicas, que se encontram tão ancoradas no imaginário: para os homens, superiores, os postos de decisão, os salários mais altos, o domínio no político e, sobretudo, o exercício de uma violência material e simbólica na domesticidade e no social / público.
Para tal, a memória social , criada e mantida pela história é de uma importância decisiva: o ‘sempre e em toda parte’ das tradições discursivas mantém a vivacidade da dicotomia e a diferença como eixo de poder.Segundo o grau de domínio do patriarcado atual, as mulheres dos países africanos, do oriente médio e do extremo oriente vivem situações que acusam a negação de sua existência enquanto seres humanos. E nestes locais é que a população é mais densa. Mutiladas, vendidas, trocada, veladas, vigiadas, sem acesso à propriedade, à educação, à remuneração por seu trabalho, presas de maternidades sucessivas e extenuantes, submetidas ao estupro como arma de guerra, como ato banal e aceitável, isto compreende milhões de mulheres os seres mais desprovidas e vulneráveis do mundo. Unicamente porque são mulheres.
As organizações internacionais traçam seu retrato e sua quantificação. Mas tudo que diz respeito às atrocidades cometidas contra as mulheres não diz respeito aos direitos humanos, mas à “cultura” de cada país, diz-se. Quando se trata dos direitos humanos das mulheres a questão passa a ser cultural.
Para Foucault, a tarefa do/a intelectual é, com efeito, mudar o regime de verdade no qual se vive: modificar as condições de produção, de imaginação e de significação que trazem a injustiça , a desigualdade, a opressão, a exclusão; modificar, portanto, as representações sociais que as instalam e justificam.
Neste sentido, o estudo das representações sociais no passado da humanidade nos dá os argumentos para quebrar o silencio da história sobre a diversidade do humano, para desviar os discursos do Mesmo e mostrar que a “diferença” não é senão a produção social do poder e da dominação.
A história que não reconhece seu quadro teórico, os pressupostos que articulam suas narrativas, não é digna de crédito; a história de um humano desencarnado de suas práticas sociais, a história que se apóia sobre a ‘ natureza’ não passa de um artifício do poder. E o saber “verídico” que produz não faz senão reproduzir representações sociais fundadas sobre valores, eles mesmos históricos. O universal em história é a negação da historicidade do humano, ou seja, sua própria negação e repeti-lo nunca é demais.
Toda pesquisa tem obrigação de explicitar suas premissas e a busca das representações sociais nos discursos-fonte da história pode decodificar a multiplicidade das relações sociais, das normas, dos comportamentos, as variáveis que os compõem, sem que sejam fixadas de antemão por uma divisão sexuada e sexual do humano.
É esta uma forma de liberação do imaginário e da memória social dos eflúvios insalubres das tradições religiosas, filosófica e científica das representações sociais que as engessam e que evocam a ‘natureza’ para melhor impor e reconstruir sem cessar a ‘diferença’ social entre os sexos.
Visualizar as possibilidades do humano em suas articulações sociais, é desfazer as amarras, é criar uma nova memória social, a história do possível, do humano e não do homem. É mudar, na linguagem e nas representações sociais, a imagem do mundo.
Referências:
André Leroi Ghouran .1964.Les religions de la préhistoire,. Paris, PUF
Michel Foucault. 1988. Microfísica do poder,
Rio de Janeiro, Graal.